Orientações para a
população são da saúde pública
A vacinação de cerca de 15
mil cães e gatos, população canina e felina estimada para a área urbana de
Concórdia (raio de cinco quilômetros a partir de um ponto da rua Anita
Garibaldi), começou nesta tarde de quarta-feira, dia 29. Pela manhã, depois de
um treinamento no auditório do Corpo de Bombeiros, os componentes das equipes
foram vacinados na Unidade Sanitária. A vacinação em massa foi batizada de
“Operação Chico”, referência ao nome do gato que morreu com suspeita de raiva
animal.
Para melhor compreensão da
importância da campanha e como orientação à população, publicamos informações
preparadas pela Secretaria Municipal da Saúde.
O que fazer quando for
agredido por um animal, mesmo se ele estiver vacinado contra a raiva?
– Lavar
imediatamente o ferimento com água e sabão.
– Procurar com
urgência o Serviço de Saúde mais próximo.
– Não matar o
animal (cão e gato), e sim deixá-lo em observação durante 10 dias, para que se
possa identificar qualquer sinal indicativo da raiva.
– O animal
deverá receber água e alimentação normalmente, num local seguro, para que não
possa fugir ou atacar outras pessoas ou animais.
– Se o animal
adoecer, morrer, desaparecer ou mudar de comportamento, voltar imediatamente ao
Serviço de Saúde.
– Quando um
animal apresentar comportamento diferente, mesmo que ele não tenha agredido
ninguém, não o mate e procure o Serviço de Saúde.
É dever do cidadão
– Procurar
sempre o serviço de saúde, no caso de agressão por animais.
– Manter seu
animal em observação quando ele agredir uma pessoa.
– Vacinar
anualmente seus animais contra a raiva.
– Não deixar o
animal solto na rua e usar coleira/guia no cão ao sair.
– Notificar a
existência de animais errantes nas vizinhanças de seu domicílio;
– Informar o comportamento
anormal de animais sejam eles agressores ou não;
– Informar a
existência de morcegos de qualquer espécie em horários e locais não habituais
(voando baixo, durante o dia, caídos…)
Evite
– Tocar em
animais estranhos, feridos e doentes.
– Perturbar
animais quando estiverem comendo, bebendo ou dormindo.
– Separar
animais que estejam brigando.
– Entrar em
grutas ou furnas e tocar em qualquer tipo de morcego (vivo ou morto).
– Criar
animais silvestres ou tirá-los de seu "habitat" natural.
– O contato
com saliva de animais doentes, através de mordeduras, arranhões ou lambeduras.
ALERTA
Mantenha seus animais de |
Importante
A
profilaxia da raiva humana com vacina e ou soro e vacina deve ser adequadamente
executada. No Estado de Santa Catarina (área controlada para raiva no ciclo
urbano) os cães e gatos devem ser observados rigorosamente num período de 10
dias após a agressão. Estas condutas ainda são a melhor maneira de se prevenir
a doença.
Informações gerais
A raiva humana é uma das
doenças infecciosas mais antigas e letais que acompanham a trajetória humana. É
uma zoonose viral transmitida somente por mamíferos, geralmente apresenta 100 %
de letalidade (somente três casos de cura no mundo).
Descrição
É uma zoonose que tem como
hospedeiro, reservatório e transmissor o animal infectado pelo vírus da raiva
que transmite a doença aos humanos através de mordedura, arranhadura e ou
lambedura. Apresenta dois ciclos básicos de transmissões.
Urbano: cujos principais
reservatórios são os cães e gatos,
Silvestre: ocorre principalmente
entre morcegos, macacos e raposas.
Distribuição
No mundo são estimados
55.000 óbitos humanos por ano, transmitidos por cães, sendo 56% na Ásia e 44%
na África; a maioria deles ocorre em áreas rurais. No Brasil, o principal
animal que transmite a raiva ao homem é o cão. O morcego hematófago (vampiro) é
um importante transmissor da raiva, pois pode infectar bovinos, equinos e
morcegos de outras espécies. Todos estes animais podem transmitir a raiva para
o homem.
No Brasil, a raiva é
endêmica, em grau diferenciado de acordo com a região geopolítica. No período
de 1991 a 2007 foram notificados 1.271 casos de raiva humana, sendo os cães
responsáveis por transmitir 75%, os morcegos por 12%, os felinos por 3% e os
10% restantes por outras espécies. Vale salientar que, nos anos de 2004 e 2005,
o morcego foi o principal responsável pelos casos de raiva humana, com 86,5%
dos casos nesses dois anos, passando pela primeira vez a superar os casos com
transmissão canina. Nesse período houve ocorrência de surtos de raiva humana no
Estado do Pará, na Região Norte, e no Estado do Maranhão, na Região Nordeste do
País.
Situação da Raiva em Santa
Catarina
O último caso de raiva
humana no Estado de Santa Catarina ocorreu no município de Ponte Serrada em
1981. O Estado é considerado área controlada para raiva no ciclo urbano (não
apresenta circulação de vírus rábico em cães e gatos ‘variante canina’).
Os últimos registros de
casos em cães e gatos foram no ano de 2006 nos municípios de Itajaí (1
cachorro) e Xanxerê (1 gato e 1 cachorro) com envolvimento destes animais
domésticos com morcegos (variante morceguina). No entanto, no Estado são
registrados rotineiramente casos em bovinos, equinos, suínos e ovinos causadas
por agressões de dois morcegos infectados (ciclo silvestre/rural). Estes
herbívoros contribuem como sentinela indicando a existência do vírus da raiva.
Modos de transmissão
A transmissão ocorre quando
o vírus da raiva existente na saliva do animal infectado penetra no organismo,
através da pele ou mucosas, por mordedura, arranhadura ou lambedura, mesmo não
existindo necessariamente agressão.
O vírus penetra no
organismo, multiplica-se no ponto de inoculação permanecendo durante algum tempo
no local da lesão. Uma vez alcançada a inervação periférica, caminha em direção
ao sistema nervoso central chegando ao cérebro e a partir daí se dissemina por
vários órgãos e glândulas salivares onde se replica e é eliminado pela saliva
das pessoas e animais infectados.
Período de Incubação
O período de incubação pode
variar em média 45 dias no homem e de 10 dias a dois meses no cão. O período de
incubação pode variar em função do local, da extensão da mordedura, da
proximidade do sistema nervoso central e da carga viral presente no momento da
agressão.
Período de Transmissão
Nos cães e gatos a
eliminação do vírus na saliva ocorre de 2 a 5 dias antes do aparecimento dos
sinais clínicos, permanecendo durante toda a evolução da doença. A morte destes
animais acontece entre 5 a 7 dias após o início da doença. Em relação aos
animais silvestres há poucos estudos sobre o período de transmissão, variando
entre as espécies; morcegos podem albergar o vírus por um longo período, sem
sintomatologia aparente.
Sinais Indicativos de Raiva
Os sinais de raiva variam
conforme a espécie, no entanto todos os animais costumam apresentar:
– Dificuldade
para engolir;
– Salivação
abundante;
– Mudança de
comportamento e de hábitos alimentares;
– Paralisia de
patas traseiras.
Raiva Furiosa =
geralmente acomete animais carnívoros que se tornam agressivos.
Raiva Paralítica =
geralmente ocorre em herbívoros.
Raiva em Morcegos
Morcegos sadios têm hábitos
noturnos, mas quando doentes costumam apresentar atividade alimentar diurna,
agressividade tremores, incapacidade de voo (caminham pelo chão e paredes).
Mesmo doentes não apresentam paralisia mandibular, mantendo sua capacidade de
morder e mordem com força qualquer objeto ao seu redor. A morte de morcegos
raivosos pode ocorrer 48 horas após o aparecimento dos sintomas.
Raiva Furiosa em Cães e
Gatos
Os cães e gatos com raiva
furiosa apresentam agitação, anorexia, salivação excessiva e dificuldade de
deglutição, atacam o próprio dono, podem caminhar grandes distancias. Nos cães,
o latido torna-se diferente do normal parecendo um ”uivo rouco”. A
duração da doença é em média 10 dias e o animal morre por convulsões e
paralisia.
Raiva em Humanos
No início da doença
paciente apresenta sinais inespecíficos com mal estar geral, pequeno aumento da
temperatura corporal, falta de apetite e em seguida, instalam-se alterações de
sensibilidade, queimação, formigamento, dor no local do ferimento,
posteriormente quadro de infecção e febre, evoluindo para aerofobia,
hidrofobia, crise convulsiva etc. O período entre o aparecimento do quadro
clinico até o óbito varia entre 5 a 7 dias.
A Raiva tem tratamento?
Em 2005, foi publicado um
caso de sobrevivente de raiva humana, submetido a um protocolo de tratamento
intitulado de Protocolo de Milwaukee, baseado no uso de antivirais, indução de
coma e recuperação do paciente. Apesar do sucesso nesse caso, independentemente
do ciclo, a raiva continua sendo uma doença de letalidade de aproximadamente
100%. Por isso, a profilaxia da raiva humana, seja pelo esquema de pré, seja
pela pós-exposição, deve ser adequadamente executada. O diagnóstico precoce da
doença e a aplicação do Protocolo de Milwaukee vêm sendo estimulados em
pacientes com raiva. Ainda não é um protocolo que garante a sobrevida do
paciente e pode deixar sequelas graves e/ou irreversíveis, assim, a melhor
alternativa é a profilaxia da raiva humana.
O paciente deve ser
atendido na unidade hospitalar mais próxima, sendo evitada sua remoção. Quando
imprescindível, tem que ser cuidadosamente planejada. Manter o enfermo em
isolamento, em quarto com pouca luminosidade, evitar ruídos e formação de
correntes de ar, proibir visitas e somente permitir a entrada de pessoal da
equipe de atendimento. Os profissionais médicos, de enfermagem, da higiene e
limpeza devem utilizar equipamentos de proteção individual.