Os casos de violência e exploração sexual contra crianças e adolescentes, que são cometidos por algum membro da família, em sua maioria, não são denunciados. Apenas 2% chegam a ser registrados. As afirmações são da psicóloga, assistente social e enfermeira Marli Olina de Souza, que ministrou a palestra "Construindo instrumentos de enfrentamento à violência sexual de crianças e adolescentes", na abertura do Fórum Municipal pelo Fim da Violência e Exploração Sexual Infanto-Juvenil, nesta manhã de terça-feira, dia 24, no auditório do Centro de Eventos, para aproximadamente 800 pessoas.
Hoje, dia 24, também é o Dia Estadual de Combate à Violência e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, e a Secretaria de Desenvolvimento Social, Cidadania e Habitação promoveu esta capacitação para os educadores da Rede Municipal de Ensino, agentes comunitários de Saúde e servidores dos Centros de Convivência, CRAS e CREAS. Aproximadamente 800 pessoas participam da capacitação. "Trata-se de um problema social, ou seja, de todos nós. Precisamos cuidar de nossas crianças e como agentes públicos temos o dever de denunciar para combater a violência em nosso município", disse a secretária Cristiane Werlang em seu discurso.
O prefeito João Girardi mencionou que "às vezes, parece que tudo está muito bem e as coisas escapam de nossos olhos. Nosso trabalho em prol da causa já melhorou bastante, mas ainda temos muito a avançar". A coordenadora do evento e conselheira tutelar, Patrícia Maran, antes de declarar a abertura oficial do Fórum, explicou que os profissionais convidados são os que estão mais próximos das crianças. "E são as pessoas em quem eles mais confiam".
ALERTAS
Marli de Souza fez vários alertas. "Os pais precisam ficar mais próximos de seus filhos, evitando os maus amigos que podem levar as crianças para situações de risco. E os pais ou a vítima sempre devem denunciar o que está acontecendo e tomar cuidado para não ser revitimizado". A psicóloga também destacou para ter muito cuidado com as falsas memórias da criança. "Elas podem ser induzidas a falar o que não aconteceu, escondendo os fatos reais". Segundo Marli, quando o problema acontece dentro de casa é difícil denunciar porque são parentes. "É mais fácil denunciar um estranho".
Outro fato que instiga, preocupa e causa revolta é a injustiça, na opinião da assistente social. "Poucos ‘predadores' são denunciados. Eu pergunto: isto é um caso de saúde ou de polícia? Como tratar o abusador? As prisões acabam por torná-lo ainda mais violento ao sair. E se também passou por violência ou exploração sexual na infância, vai repetir o ato mais tarde". Para Marli, atualmente as pessoas denunciam mais, mas o número de casos também aumentou, principalmente por causa dos drogas lícitas e ilícitas. No caso de ocorrências no interior, a palestrante disse é uma questão de oportunismo. "Geralmente os casos acontecem a 1.300 metros da casa da família e cerca de 33% ocorrem durante o dia, entre 6h e 18h".